A Criação Sob a Luz dos Sete Reinos Sagrados
A Criação Sob a Luz dos Sete Reinos Sagrados
Ao refletir sobre a Gênese de Moisés e sua relação com a doutrina dos Sete Reinos Sagrados, notei diversas semelhanças que valem ser exploradas. A princípio, este texto não pretende encerrar o tema, mas sim servir como ponto de partida para reflexões mais profundas.
No Núcleo Mata Verde, toda a prática espiritual, desde os rituais internos até a manipulação energética — como a Magia, o TVAD e o Arapé — encontra sua base na doutrina dos Sete Reinos Sagrados.
O uso das ervas, os nomes das entidades e até mesmo as técnicas de cura energética são fundamentados nessas sete forças primordiais.
Cada um dos Sete Reinos tem um papel essencial no equilíbrio do universo. Eles são regidos por Orixás, que atuam como guardiões e manifestam as forças primordiais em diferentes aspectos. Além disso, esses reinos são sustentados por Orixás primordiais, que representam as forças mais ancestrais e puras da criação.
A evolução e a criação do próprio planeta Terra seguem a Lei dos Sete Reinos Sagrados. Essa visão nos mostra que o mundo, assim como o ser humano, é composto por diferentes camadas e dimensões, todas interconectadas. Cada reino contribui de maneira única para o equilíbrio e a harmonia do todo.
Assim, podemos estabelecer um paralelo entre a doutrina umbandista e o relato bíblico da criação. Enquanto a Gênese descreve a formação do mundo em seis dias, seguidos de um momento de descanso e consagração, os Sete Reinos Sagrados representam as forças que sustentam esse processo criativo contínuo. Ambas as narrativas nos convidam a refletir sobre a profundidade e a complexidade da existência, destacando a importância de mantermos uma conexão consciente com as forças que nos cercam.
Esse entendimento pode ser um caminho poderoso para alinhar nossas práticas espirituais com os princípios universais, promovendo não apenas a cura energética, mas também uma maior compreensão do nosso papel no universo.
A doutrina umbandista dos Sete Reinos Sagrados apresenta uma visão abrangente sobre a criação e evolução do planeta Terra. Segundo essa perspectiva, há sete forças primordiais que sustentam a existência e a harmonia do universo. Cada uma dessas forças é associada a um reino sagrado, que reflete aspectos fundamentais da vida e do cosmos. Essa visão se alinha de forma interessante com narrativas de criação presentes em outras tradições, como a Gênese de Moisés.
Os Sete Reinos Sagrados
1. Reino do Fogo
O fogo representa a energia primordial. É a força que simboliza o início de tudo, a transformação e o poder criador. Sem o fogo, não haveria luz ou calor, elementos essenciais para a vida. Na Gênese, podemos comparar essa força ao momento em que Deus diz: “Haja luz” (Gênesis 1:3). O fogo, assim como a luz divina, é a faísca inicial da criação.
2. Reino da Terra
A terra é o símbolo da estabilidade e da materialidade. É onde a vida se manifesta de maneira concreta, através das montanhas, vales e minerais. No relato bíblico, a separação entre terra e águas marca um momento crucial da criação, quando Deus ordena que a terra seca apareça e produza vegetação (Gênesis 1:9-11). Assim como na Gênese, na doutrina umbandista a terra é a base sobre a qual tudo se desenvolve.
3. Reino do Ar
O ar é a força que representa o movimento, a liberdade e a comunicação. Ele é o sopro da vida. Na Gênese, vemos essa força representada quando Deus sopra o fôlego de vida nas narinas do homem, tornando-o um ser vivente (Gênesis 2:7). O ar está associado ao ciclo constante de renovação e sustento da vida.
4. Reino da Água
A água simboliza a purificação, a fluidez e a força regeneradora. Na Gênese, as águas cobrem a terra no início da criação (Gênesis 1:2) e, mais tarde, são separadas para formar os mares e rios. Assim como na doutrina umbandista, a água é um elemento vital que sustenta e purifica toda a criação.
5. Reino das Matas
O Reino das Matas abrange tanto o reino vegetal quanto o animal. Ele representa a biodiversidade e a interconexão entre todas as formas de vida. Na narrativa bíblica, Deus ordena que a terra produza vegetação e cria os animais, mostrando a importância desse reino na manutenção da vida (Gênesis 1:11-25). As matas são o lar onde a vida se manifesta em toda a sua plenitude e diversidade.
6. Reino dos Homens
A força da humanidade está no coração do Reino dos Homens. Este é o reino onde a inteligência, a criatividade e a capacidade de escolha são destacadas. Em Gênesis, o ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus, recebendo o domínio sobre os demais reinos (Gênesis 1:26-28). Na doutrina umbandista, o Reino dos Homens reflete a importância da responsabilidade e da conexão espiritual.
7. Reino das Almas
O último reino é o Reino das Almas, um domínio puramente espiritual. Ele transcende a matéria e conecta tudo ao plano superior. Esse reino está além do físico, representando a jornada espiritual da alma. Na Gênese, podemos associar esse reino à ideia de que, após a criação, Deus abençoa e santifica o sétimo dia (Gênesis 2:3), um momento de conexão espiritual e descanso.
Comparações e Reflexões
Ao comparar a doutrina dos Sete Reinos Sagrados com a Gênese de Moisés, percebemos como diferentes tradições buscam explicar a origem do universo e da vida. Ambas as narrativas destacam a presença de forças fundamentais que, em harmonia, sustentam a criação.
Na Umbanda, essas forças são vistas como entidades vivas e dinâmicas, cada uma com uma função específica no equilíbrio cósmico. Já na Gênese, a criação é descrita como uma sequência de atos divinos, que culminam na organização do mundo e na santificação do espírito humano.
Apesar das diferenças culturais e religiosas, o ponto comum entre essas visões é a busca por compreender o papel do ser humano no universo e sua conexão com o sagrado. Ambos os sistemas nos convidam a refletir sobre nossa responsabilidade com a natureza, com os outros e com o plano espiritual.
São Vicente, 09/11/2024
Manoel Lopes